sábado, 22 de janeiro de 2011

Falsas Imagens de Cristo Por Marcus H. Martins, Ph.D.

Discurso do Devocional
Brigham Young University-Hawaii 24 de Maio de 2001
Copyright 2001 Todos os Direitos Reservados Editado em 25 Maio 2001
Introdução
Ao ponderar sobre o que compartilhar com vocês, minha mente se concentrou num tema que vem me preocupando há algum tempo–as “falsas imagens de Cristo.” No entanto, a natureza do assunto e de minhas observações exigem que eu explique o porquê de eu estar abordando este tema. Por isso, como um prefácio às minhas ponderações, vou esclarecer o meu papel como professor universitário de religião. É bem possível um bom número de membros da Igreja tenha apenas uma vaga idéia do trabalho e do papel de um docente de religião, ou da diferença entre um professor universitário de religião e um professor de seminário ou instituto.
Ao contrário de um professor de seminário ou de instituto, professores de religião nas instituições da ensino superior da Igreja têm a responsabilidade--tal como todos os outros docentes de tempo integral--de se engajar em trabalhos intelectuais e criativos que venham a apoiar e fortalecer o ensino. Isso significa que como professor de religião a universidade espera que eu me empenhe em atividades intelectuais conduzidas com rigor científico, profundidade, e profissionalismo que venham a gerar idéias que refinem o atual entendimento das doutrinas e princípios do evangelho; ou que ajudem a esclarecer e expandir a aplicação de doutrinas e princípios às questões, circunstâncias, ou dificuldades do mundo moderno em todas as áreas do empreendimento humano--sejam de caráter social, econômico, político, ou científico. Também se espera que professores de religião estabeleçam intercâmbio intelectual com outros estudiosos em religião e outras disciplinas, e que apresentem seu trabalhos em suas aulas, em reuniões formais de Igreja, conferências profissionais, e em publicações.
Visto que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é guiada por Santos dos Últimos Dias é guiada por revelação divina, seus docentes de religião não desenvolvem novas doutrinas, princípios, nem mandamentos. No entanto, pessoalmente eu considero que o papel de um professor universitário de religião é o de apoiar a Primeira Presidência, o Quorum dos Doze, e outras autoridades da Igreja-- gerais, de área, ou locais--em seus esforços para (1) manter e salvaguardar a pureza doutrinária; (2) encorajar perfeita compreensão, interpretação, e aplicação das doutrinas; (3) procurar informação histórica exata sobre a Igreja em qualquer de suas dispensações; e (4) edificar pontes de entendimento e amizade com outras religiões.
Ao realizar estas coisas nós alcançaremos algumas das metas educacionais da universidade: ajudar nossos alunos a aprender as verdades do evangelho, ganhar ou fortalecer um testemunho de Jesus Cristo e de sua Igreja, viver vidas justas, e servir ao próximo.
Com esta visão de meus deveres e papel em mente, eu agora vou explicar o meu tema. Já faz algum tempo que eu tenho me preocupado com algumas tendências recentes que a meu ver têm o potencial de causar sérios danos à verdadeira fé em Cristo. O Profeta Joseph Smith explicou o seguinte sobre a verdadeira fé:
“[Três] coisas são necessárias a fim de que qualquer ser racional e inteligente possa exercitar fé em Deus para a vida e salvação. Primeiro, a idéia que ele realmente existe. Segundo, uma idéia correta de seu caráter, perfeições, e atributos. Terceiro, um conhecimento efetivo de que o curso de sua vida está em harmonia com a vontade de Deus. ... [Sem] um conhecimento destes três fatos importantes, a fé de todo ser racional torna-se imperfeita e improdutiva; mas com este entendimento pode tornar-se perfeita, frutífera, e cheia de retidão ...” (Lectures on Faith (Preleções sobre a Fé), tradução livre da página 13 em inglês)
Gostaria de chamar sua atenção para o segundo requisito mencionado pelo profeta Joseph Smith: “uma idéia correta do caráter, perfeições, e atributos [do Senhor]”. Baseado nesta declaração, vemos que qualquer tentativa de retratar ou descrever o Senhor de uma maneira incorreta pode levar indivíduos a desenvolverem ou exercitarem um fé improdutivamente–significando que a despeito de sua crença, sem um conhecimento correto do caráter e atributos de Deus tais indivíduos podem acabar nutrindo expectativas de bênçãos que nunca seriam realizadas, e isso geraria frustração e decepção.
Nos últimos anos eu tenho notado uma tendência de substituir noções corretas sobre o Salvador Jesus Cristo com o que eu chamaria de “imagens.” Alguns de vocês podem perguntar por que eu intitulei meu discurso “Falsas Imagens Cristo” ao invés de “falsos cristos”. A diferença no título refere-se ao que eu vejo como a criação e disseminação não de falsos cristos no sentido tradicional, mas de “imagens”–invenções humanas criadas para substituir o original, não necessariamente em sua totalidade. Em outras palavras, estas imagens conservam alguns dos atributos do verdadeiro Cristo, mas não todos. Além disso, elas adicionam outras características ao seu caráter que até onde as escrituras atualmente disponíveis nos revelam, não eram parte da personalidade perfeita do Salvador.
Eu vou discutir três destas falsas “imagens” de Cristo: (1) o Reformador Social; (2) o Motivador; e (3) o Companheiro Divino.
Estas imagens têm as seguintes características em comum: (a) isolam ou focalizam conseqüências da influência de Jesus Cristo nos negócios humanos; (B) só ligeiramente, se é que o fazem, plenamente reconhecem a fonte daquela influência, que é a divindade de Cristo; e por causa disso (c) elas não proporcionam a adoração reverente que convém a um membro da Trindade. No testemunho da primeira visão do Profeta Joseph Smith encontramos a avaliação do Salvador dos credos então existentes do mundo: “... eles se aproximam de mim com os lábios, mas seu coração está longe de mim; ensinam como doutrina os mandamentos de homens, tendo aparência de religiosidade, mas negam o seu poder.” (Joseph Smith-História 1:19)
Falsa Imagem #1: O Reformador Social
Certo dia em novembro de 1978 eu ensinei a primeira palestra missionária a um rapaz muito inteligente quem tinha várias perguntas sobre Deus e sobre religião. Quando meu companheiro e eu começamos a conversar com ele sobre tais questões, ele declarou: “Eu só posso acreditar num deus que é tal como eu--imperfeito e falível. Qualquer outra concepção de deus é inaceitável para mim.” Hoje, quase 30 anos mais tarde, um número crescente de teólogos e estudiosos da Bíblia têm tentado ativamente desacreditar textos escriturísticos, e empregando deconstrucionismo, tentam reduzir o Salvador ao nível de um mero reformador social polêmico, com poderes e papel nada divinos.
Apesar do fato de que as escrituras são incompletas e de que existem dúzias de textos antigos cuja autenticidade é questionável, temos testemunhos contemporâneos de apóstolos e profetas concernentes a Jesus Cristo. Ao invés de procurar o personagem imaginário comumente chamado pelos estudiosos de “Jesus histórico” basta lermos o testemunho do Profeta Joseph Smith para encontrar o verdadeiro Cristo em toda sua majestade e glória. Os Santos dos Últimos Dias não acreditam numa figura ambígua ou polêmica do mundo antigo. Mas sim naquele que nas palavras de anjos e profetas é “... o Senhor Deus Onipotente que reina, que era e é de toda a eternidade para toda a eternidade” (Mosias 3:5; 5:15), ou como descrito por Isaías, ele é o “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Isaías 9:6)
Ao esforço moderno de considerar as escrituras como mitos e de atribuir os milagres de Cristo e sua ressurreição a dissimulações criadas no primeiro século, nós respondemos com os testemunhos contidos no Livro de Mórmon e em Doutrina & Convênios. No resumo de Mórmon do ministério do Salvador entre os Nefitas e Lamanitas depois de sua ressurreição, nós lemos que uma multidão de aproximadamente 2.500 pessoas “... se adiantou e meteu as mãos no seu lado, e apalpou as marcas dos cravos em suas mãos e seus pés; e isto fizeram, adiantando-se um por um, até que todos viram com os próprios olhos, e apalparam com as mãos, e souberam com toda certeza, testemunhando que ele era aquele sobre quem os profetas escreveram que haveria de vir.” (3 Néfi 11:15)
E em nossa era o Profeta Joseph Smith e o irmão Sidney Rigdon testificaram o seguinte: “E contemplamos a glória do Filho, à direita do Pai, e recebemos de sua plenitude; ... E agora, depois dos muitos testemunhos que se prestaram dele, este é o testemunho, último de todos, que nós damos dele: Que ele vive! Porque o vimos, sim, à direita de Deus; e ouvimos a voz testificando que ele é o Unigênito do Pai--Que por ele e por meio dele e dele os mundos são e foram criados; e seus habitantes são filhos e filhas gerados para Deus.” (Doutrina & Convênios 76:20,22-24)
Falsa Imagem #2: O Motivador
Vivemos numa era onde aparentemente tudo pode ser oferecido às massas como uma forma de entretenimento. Até mesmo a história é apresentada em versões modificadas, dramatizadas, e romanceadas para o gosto de um público que parece estar tão imerso nas complexidades da vida moderna que parece estar muito cansado para lidar com questões complexas do passado. Às vezes eu me pergunto se as platéias contemporâneas realmente acreditam que no dias antigos as pessoas paravam suas atividades diárias cada 6 minutos para cantar e dançar. Isso me lembra da sugestão do escritor Issac Asimov de que histórias apócrifas seriam mais atraentes que a realidade. (“Science, numbers, and I.” Garden City, N.Y.: Doubleday. 1968. Página 29)
Esta tendência de romancear ou dramatizar também chegou ao mundo da religião e dos textos sagrados, talvez como efeito colateral do processo de desconstrução que já discutimos. Eu chamo essa tendência de “popularização da divindade.” Eu uso o termo “popularização” para indicar a transformação de nosso Senhor e Redentor num orador de auto-ajuda glorificado: doce, poético, proferindo slogans triviais e insossos que poderiam muito bem ter sido criados por executivos de marketing ou psicólogos amadores.
Trazendo ao mundo uma mensagem direcionada ao fortalecimento da auto-estima evitando questões difíceis e desconfortáveis tais como: leis eternas, a seriedade do pecado, a natureza inflexível da justiça, e a dor do arrependimento.
Aquilo que nós chamamos de “evangelho restaurado” é mais do que uma simples filosofia de vida projetada para fazer as pessoas “sentir-se bem”. Podemos dizer que este evangelho é composto dos seguintes elementos: doutrinas & princípios; leis, convênios e ordenanças; e padrões. Permitam-me propor algumas definições para estes conceitos e explicar como eles se relacionam. À medida em que faço isto, espero conseguir explicar por que a falsa imagem do Salvador como motivador é problemática.
Usando definições encontradas no dicionário, podemos definir “doutrinas” como declarações sistematizadas de princípios baseados nos quais o Senhor estabelece suas ações e seus mandamentos. “Princípios” podem ser definidos como verdades fundamentais que servem de base para várias outras verdades.
A doutrina de Cristo foi delineada pelo próprio Salvador no Livro de Mórmon:
“Eis que em verdade, em verdade vos digo que eu vos declararei minha doutrina. E esta é minha doutrina e é a doutrina que o Pai me deu; e dou testemunho do Pai e o Pai dá testemunho de mim e o Espírito Santo dá testemunho do Pai e de mim; e eu dou testemunho de que o Pai ordena a todos os homens, em todos os lugares, que se arrependam e creiam em mim.
“E os que crerem em mim e forem batizados, esses serão salvos; e eles são os que herdarão o reino de Deus. E os que não crerem em mim e não forem batizados, serão condenados.
“Em verdade, em verdade vos digo que esta é minha doutrina e dela vos dou testemunho, vindo do Pai; e todo aquele que crê em mim, crê também no Pai; e a ele o Pai dará testemunho de mim, pois visitá-lo-á com fogo e com o Espírito Santo. E assim o Pai dará testemunho de mim e o Espírito Santo dará testemunho do Pai e de mim; pois o Pai e eu e o Espírito Santo somos um.
“E novamente vos digo que vos deveis arrepender-vos e tornar-vos como uma criancinha e serdes batizados em meu nome, ou não podereis, de modo algum, receber estas coisas. E novamente vos digo que vos deveis arrepender-vos e ser batizados em meu nome e tornar-vos como uma criancinha, ou não podereis, de modo algum, herdar o reino de Deus.
Em verdade, em verdade vos digo que esta é minha doutrina e os que edificam sobre isto edificam sobre minha rocha; e as portas do inferno não prevalecerão contra eles.
“E aqueles que declararem mais ou menos do que isto e estabelecerem-no como minha doutrina, esses vêm do mal e não edificam sobre a minha rocha, mas edificam sobre um alicerce de areia; e as portas do inferno estarão abertas para recebê-los quando vierem as inundações e os ventos açoitarem-nos.” (3 Néfi 11:31- 40)
E quanto aos princípios, consideremos estas palavras do Profeta Joseph Smith:
“Os princípios fundamentais da nossa religião são o testemunho dos apóstolos e profetas concernentes a Jesus Cristo; que Ele morreu, foi sepultado, e ressurgiu no terceiro dia, e ascendeu aos céus; e todas as outras coisas que pertencem à nossa religião são meros apêndices disto. Mas em associação com estas, cremos no dom do Espírito Santo, no poder de fé, no desfrutar de dons espirituais de acordo com a vontade de Deus, na restauração da casa de Israel, e no triunfo final da verdade.” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, tradução livre da página 121 em inglês)
Como conseqüências destas doutrinas e princípios nós temos leis, convênios, e ordenanças. Leis são requerimentos e expectativas divinas reveladas pelo Senhor a seus profetas vivos. Estes requerimentos e expectativas são então propostos à Igreja em reuniões formais, onde por meio de ordenanças específicas administradas por portadores autorizados do sacerdócio, membros de Igreja fazem convênios solenes de aceitar e obedecer tais leis.
Por exemplo, o Senhor revelou ao Profeta Joseph Smith o mandamento de tomar sobre nós o nome de Cristo, lembrarmo-nos sempre dele, e guardar seus mandamentos. Este requerimento divino é aceito pelos membros da Igreja através de um convênio feito a princípio na ordenança do batismo e mais tarde renovado na maioria dos domingos de cada ano na ordenança do sacramento.
A falta de obediência à estas leis e o não-recebimento destas ordenanças e convênios trarão uma trágica decepção na próxima vida. O Profeta Joseph Smith ensinou:
“Se os homens desejarem obter salvação, eles precisam se sujeitar, antes de saírem deste mundo, a certas regras e princípios, os quais foram fixados por um decreto inalterável antes do mundo existir. O desapontamento de esperanças e expectativas na ressurreição seriam indescritivelmente terríveis.” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, tradução livre da página 324 em inglês)
Convênios são tão importantes para a nossa salvação e exaltação que Néfi foi advertido por um anjo que um dia a grande e abominável igreja–num esforço de “... perverterem os caminhos retos do Senhor, [e ...] cegarem os olhos e endurecerem o coração dos filhos dos homens”–tiraria das escrituras muitos dos convênios do Senhor (ver 1 Néfi 13:26-27).
“Padrões” são um recurso que nos ajuda a vivermos em harmonia com as leis e convênios, e a nos prepararmos para receber ordenanças. Estes podem ser definidos como conjuntos de regras de comportamento, modelos, ideais, e limites instituídos por profetas vivos e às vezes por líderes locais adequadamente autorizados e também por líderes familiares.
Por exemplo, alguns meses atrás nosso profeta, Presidente Gordon B. Hinckley, instituiu um padrão específico a respeito de perfurações no corpo e tatuagens. Desde o início da Igreja profetas têm instituído, modificado, ou mantido inalterados vários padrões que lidam com vestuário, asseio, namoro, danças, decoro e etiqueta em reuniões e atividades da Igreja, etc. Sob a direção da Primeira Presidência e do Quorum dos Doze, presidências de área podem adaptar alguns destes padrões levando em conta práticas culturais locais ou nacionais concernentes a casamentos, imposições legislativas, etc. Seguindo padrões instituídos pelas autoridades formais da Igreja, as famílias também podem instituir padrões para seus próprios lares, os quais lidarão com reuniões familiares, vestuário e comportamentos no lar, atividades aceitáveis no domingo, e assim por diante.
Além de doutrinas, princípios, leis, convênios, ordenanças, e padrões, nós encontramos outro elemento comum. Este elemento não é originado nos céus, mas sim no arbítrio moral que o Senhor deu a cada ser humano (Doutrina & Convênios 101:78). Dou a este elemento o nome de “sabedoria popular,” a qual inclui os “costumes populares,” a qual inclui os costumes sociais, provérbios, slogans, chavões, estereótipos, e até mesmo banalidades divulgadas informalmente ou por algum meio de comunicação social. Vários destes exibirão algum grau de harmonia com as leis divinas e com os padrões da Igreja. Podemos dizer que foi a esses elementos que o Senhor se referiu quando nos ordenou: “... nos melhores livros buscai palavras de sabedoria” (Doutrina & Convênios 88:118). Entretanto, outros dentre esses elementos podem de alguma forma contradizer as verdadeiras doutrinas e padrões de evangelho.
Permita-me citar um exemplo comum dessa discordância: Um dia que eu estava na casa de amigos Santos dos Últimos Dias bondosos e fiéis. Ao olhar na sua sala eu notei um belo cartaz que trazia o seguinte ditado:
“Eu nunca disse que seria fácil; eu
Só disse que valeria a pena.”
O pronome na frase sugeria que essas palavras teriam sido declaradas pelo Salvador. Expliquei ao meu anfitrião que em realidade o Salvador nunca tinha expressado a idéia de que viver o evangelho não seria fácil--muito pelo contrário, ele declarou: “... o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Matthew 11:30 – em ingles lê-se: “My yoke is easy”). Meu anfitrião então declarou: “É mesmo. O Salvador disse o oposto.” Mas após um momento de reflexão a pessoa adicionou: “Mas a declaração é tão linda ... Vou mantê-la onde está.” Com tal resposta, eu mudei de assunto.
Encontramos outro exemplo de discordância na alegoria popular intitulada “Pegadas na Areia”, a qual traz a idéia não-inteiramente-exata de que o Senhor literalmente carregará seus filhos nos seus braços em épocas de provação e adversidade. Em realidade, o Senhor nunca prometeu isentar-nos dos desafios da mortalidade. Fazê-lo requereria a violação de alguns dos propósitos da vida mortal. Ele apoiará, fortalecerá, e encorajará seus filhos, e com seu auxílio divino nós sobrepujaremos as adversidades.
Simplesmente porque um ditado soa crível, poético, terno, ou doce, não quer dizer que seja doutrinariamente correto. E se uma idéia doutrinariamente incorreta fosse usada para “promover fé”, que tipo de fé ela iria promover?
Nesse ponto alguém poder perguntar: “Mas o Salvador não usou parábolas e alegorias?” E a resposta seria, “Sim, ele o fez.” Mas se observarmos a maneira como o Salvador enunciou suas parábolas veremos que ele nunca retratou aquelas situações como se elas realmente tivessem acontecido. E o Senhor pôs ênfase no significado simbólico dos elementos, circunstâncias, e ações das parábolas. E em nenhum exemplo atualmente conhecido uma parábola teve o Salvador ou seu Pai Eterno como personagens.
A adoção de idéias e conceitos que soem doces e poéticos, mas que não estejam em harmonia com as doutrinas do evangelho restaurado, reduz Cristo e seu evangelho ao nível de mais uma das filosofias dos homens. Se o relato de uma experiência aparentemente espiritual é em parte ou completamente imaginário, nenhuma fé para a salvação poderia ser exercitada, e a esperança infundada de que tais acontecimentos imaginários pudessem um dia se tornar realidade certamente levaria à frustração e mágoa.
Preciso esclarecer que eu não estou pregando contra o uso de verdadeiros relatos históricos e escriturísticos propriamente documentados. Mas sempre que usarmos tais relatos precisamos considerar as seguintes palavras do Profeta Joseph Smith:
“A leitura da experiência de outros, ou de uma revelação dada a eles, nunca pode nos dar uma visão completa de nossa condição e verdadeira correspondência com Deus. O conhecimento destas coisas só pode ser obtido por experiência através das ordenanças de Deus estabelecidas para este propósito.” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, tradução livre da página 324 em inglês)
O estudo de relatos históricos e das experiências e testemunhos de outros é importante porque nos mostram os “precedentes legais” de bênçãos que nós podemos, pelo exercício da fé, obter para nós mesmos por meio das ordenanças instituídas para sua concessão. Estas bênçãos irão por sua vez produzir salvação--não a salvação eterna, mas uma salvação temporal dos males, vicissitudes, e sofrimentos do estado mortal.
Falsa Imagem #3: O Companheiro Divino
Este última imagem em meu discurso tem a ver com o uso dos termos “amigo” e “Irmão mais velho” ao se referir ao Salvador. Esta imagem não é tão séria quanto às duas primeiras, porque em sua essência não é uma imagem falsa. Mas quero indicar que o potencial para abuso faz com que esta imagem de Cristo requeira uma consideração cuidadosa.
Acredito que as pessoas que usam essas expressões têm boas intenções. Elas o fazem como um meio de expressar seu amor pelo Salvador. Entretanto, nas escrituras nós não achamos nenhum exemplo ou apoio a esta prática. Pelo contrário, durante seu ministério mortal o Salvador freqüentemente manteve uma reverente “distância social” entre sua pessoa e seus discípulos.
Por exemplo, quando ele decidiu pagar o tributo do templo de forma milagrosa, ordenou a Pedro que desse o dinheiro: “... por mim e por ti.” (Mateus 17:27) Após a sua ressurreição ele ordenou a Maria Madalena que dissesse aos discípulos: “... eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus vosso Deus.” (João 20:17)
O Élder James E. Talmage explicou:
“Note-se que Ele não disse ‘para nós.” Nas suas associações com homens, mesmo com os Doze, que entre todos eram as pessoas mais próximas e queridas dele, nosso Senhor sempre manteve Seu status distinto e incomparável, tornando aparente em cada exemplo o fato de que Ele era essencialmente diferente dos outros homens. Isto é ilustrado pelas Suas expressões ‘Meu Pai e vosso Pai’, ‘Meu Deus e vosso Deus’, em vez de nosso Pai e nosso Deus. Ele reverentemente reconhecia que era o Filho de Deus num sentido literal que não se aplicava a nenhuma outra pessoa.” (Jesus o Cristo, tradução livre da página 356 em inglês)
Quando o Salvador ressurreto apareceu aos Nefitas e Lamanitas, Néfi, que então já havia sido um profeta do Senhor por três décadas, saudou-o inclinando-se e beijando os pés do Senhor (3 Néfi 11:19). Os irmãos e irmãs Lamanitas e Nefitas que foram curados pelo Salvador naquela ocasião momentosa fizeram a mesma coisa (3 Néfi 17:10). Quando o Profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon receberam a visão dos reinos de glória, eles testificaram que diante do Senhor “... todas as coisas curvam-se em humilde reverência e dão-lhe glória para todo o sempre.” (Doutrina & Convênios 76:93) Em minha mente estes exemplos descrevem o tipo de relacionamento que nós temos com o Salvador. Na sua bondade e misericórdia ele nos chama de “amigos”, enquanto nós - tal como o apóstolo Tomé na sua reverente confissão–respeitosamente o chamamos “Senhor meu, e Deus meu.” (João 20:28) Até mesmo os santos anjos que vivem na presença de Deus (Doutrina & Convênios 76:21; 130:6-7) respeitosamente se referem a ele como “o Senhor”.
Nas escrituras nós encontramos vários exemplos nos quais o Senhor chamou de amigos seus profetas, apóstolos, ou alguns élderes da sua Igreja que tinham dedicado suas vidas e posses ao serviço do reino (veja Tiago 2:23; Doutrina & Convênios 45:52; 84:63; 88:3; 93:45-46; 94:1; 97:1; 98:1; 103:1; 104:1; 105:26). Estes exemplos mostram claramente que é o Senhor quem inicia o uso do termo “amigo”. Lábios impuros não declaram esta amizade. Espero que todos nós nos esforcemos para viver suficientemente dignos de ser chamados por ele, seus amigos.
E quanto ao uso do título apropriado “Irmão mais velho”, eis o que profetas vivos em 1916 ensinaram à Igreja numa declaração conjunta: “Não há nenhuma impropriedade ... em falar de Jesus Cristo como o Irmão mais velho do resto da espécie humana. ... Entretanto, não se esqueçam que Ele é essencialmente maior que tudo e todos ...” (Messages of the First Presidency 5:34; 30 de Junho de 1916; tradução livre)
Num serão missionário em 1998, o Élder M. Russell Ballard, do Quórum dos Doze, explicou o seguinte:
“Ocasionalmente ouvimos alguns membros referir-se a Jesus como nosso Irmão mais velho, o que é um conceito verdadeiro baseado em nosso entendimento da vida de pré-mortal com nosso Pai Celestial. Mas como muitos outros pontos de doutrina no evangelho, as palavras desta verdade não são suficientes para descrever o papel do Salvador em nossas vidas e Sua grande posição como um membro da Trindade.
“Com isso, alguns Cristãos não-membros da Igreja se sentem incomodados com o que eles percebem ser um papel secundário dado a Cristo em nossa teologia. Eles acham que nós vemos Jesus como um companheiro espiritual. Acreditam que vemos Cristo como um implementador ... para Deus e que nós não o vemos como Deus para nós e para toda humanidade.
“... Podemos entender por que alguns Santos dos Últimos Dias tendem a se concentrar na Filiação de Cristo ao invés de na sua Divindade. [... Nós] conseguimos nos relacionar com Ele como Filho e Irmão porque sabemos como nós mesmos nos sentimos como filhos e irmãos. ... E dessa forma, numa tentativa de achegarem-se a Cristo e de cultivar sentimentos ternos em relação a Ele, algumas pessoas tendem a humanizá-lo, às vezes à custa do reconhecimento de Sua Divindade.
“Vamos então esclarecer este ponto: conquanto seja verdadeiro que Jesus era nosso Irmão mais velho na vida pré-mortal, acreditamos que nesta vida é crucial que sejamos ‘nascidos de novo’ como Seus filhos e filhas no convênio do evangelho.” (“Building Bridges of Understanding” - “Construindo Pontes de Entendimento”, serão missionário transmitido via satélite - Logan, Utah, 17 de fevereiro de 1998 - tradução livre)
Conclusão: Isso Importa?
Após todas estas considerações, alguém poderá perguntar: Mas e se algumas destas imagens de Cristo me são queridas? O que há de errado em usar uma imagem que, embora não inteiramente exata sob o ponto de vista doutrinário, ainda faz com que eu me sinta bem?
Em primeiro lugar, devemos considerar que estamos lidando com assuntos sagrados, os quais o Senhor ordenou que mencionássemos “... com cuidado, e por indução do Espírito ...” (Doutrina & Convênios 63:64).
Depois, devemos considerar que falsas imagens do Salvador constituem uma distorção da verdadeira religião. Se uma religião se tornasse unicamente uma fonte de descrições filosóficas, de satisfação emocional, ou simplesmente de entretenimento, qual seria o papel ou necessidade de mandamentos, convênios, ordenanças, revelações, escrituras, e incontáveis horas de serviço voluntário?
Precisamos considerar também o risco de trivializar assuntos sagrados, e a conseqüente dessensibilização quanto à experiências espirituais, o que poderia tornar uma pessoa cética em relação aos testemunhos de outros. Com o tempo, tal atitude poderia levar à secularização da religião–tornando-a um mero código de conduta ou uma mera filosofia de vida sem qualquer dimensão espiritual real ou conexão divina.
Em conclusão, vamos revisar as palavras do próprio Senhor a seu respeito:
“Assim diz o Senhor vosso Deus, Jesus Cristo, o Grande Eu Sou, o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, aquele que olhou por sobre a vasta extensão da eternidade e todas as hostes seráficas dos céus antes que o mundo fosse feito;
“Aquele que conhece todas as coisas, porque todas as coisas estão presentes diante de meus olhos;
“Eu sou aquele que falou e o mundo foi feito; e todas as coisas por mim vieram a existir.
“Sou aquele que arrebatou a Sião de Enoque para meu próprio seio; e em verdade eu digo que todos os que creram em meu nome, pois eu sou Cristo, e em meu próprio nome, em virtude do sangue que derramei, por eles intercedi perante o Pai.
“Mas eis que o restante dos iníquos mantive em cadeias de trevas até o julgamento do grande dia, que se dará no fim da Terra; E assim farei que sejam mantidos os iníquos que não ouvirem minha voz, mas endurecerem o coração; e terrível é sua condenação.
“Mas eis que em verdade, em verdade vos digo que meus olhos estão sobre vós.
Estou no meio de vós e não me podeis ver; Mas logo vem o dia em que me vereis a sabereis que eu sou; porque o véu da escuridão logo será rasgado e aquele que não estiver purificado não suportará esse dia.” (Doutrina & Convênios 38:1-8)
Testifico que Deus, nosso Pai Celestial, vive. E que seu filho Jesus Cristo também vive. Seu evangelho certamente pode reformar as sociedades e trazê-las à Sião–mas ele é mais que um simples reformador social. Cristo certamente pode motivar-nos a alcançar o potencial divino que existe em cada um de nós–mas motivação é um efeito colateral da uma aceitação das leis e convênios do evangelho. No mundo pré-mortal Cristo era nosso Irmão mais velho, mas ele é muito mais–Ele é o Senhor Deus Onipotente, e através de sua expiação tornou-se o Pai de todos os que aceitam seu evangelho. Oro para que todos nós vivamos dignos de ser chamados por ele, seus amigos. Em nome de Jesus Cristo. Amém.
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Marcus Helvécio T. A. Martins, originalmente do Rio de Janeiro, Brasil, é Professor Associado de Religião na
Universidade Brigham Young-Havaí, e bispo da Ala BYU-Hawaii 7.
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Correspondência: Marcus H. Martins, Ph.D.
Chefe, Departamento de Educação Religiosa
Brigham Young University-Hawaii
Laie, Hawaii, USA 96762
Telefone: (808) 293-3643
E-mail: martinsm@byuh.edu


19/01/2011 Ir. Martins - Devotional 2001 - "Falsas...byuh.edu/…/FalsasImagens2.htm 12/12

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Mensagem da Primeira Presidência, A Liahona, Jan/2011



O Senhor Precisa de Missionários
Presidente Thomas S. Monson

Na conferência geral de outubro passado pedi mais missionários. Todo rapaz digno e capaz deve preparar-se para servir em uma missão. Esse serviço é um dever do sacerdócio — uma obrigação que o Senhor espera de nós, que tanto recebemos Dele. Rapazes, eu os admoesto a prepararem- se para servir como missionários. Mantenham-se limpos, puros e dignos de representar o Senhor. Mantenham sua saúde e suas forças. Estudem as escrituras. Onde for possível, participem do seminário ou do instituto. Procurem conhecer bem o guia missionário Pregar Meu Evangelho.
Moças, embora não tenham a mesma responsabilidade de servir como missionárias de tempo integral, como os rapazes do sacerdócio têm, vocês também fazem uma valiosa contribuição como missionárias, e ficamos felizes quando decidem servir.
Aos irmãos e às irmãs de mais idade, lembro que o Senhor necessita de um número muitíssimo maior de vocês no serviço missionário de tempo integral. Aos que ainda não estão na idade de servir como casal missionário, peço-lhes que se preparem agora para o dia em que você e seu cônjuge poderão fazê-lo. Há poucas ocasiões em sua vida em que desfrutarão o doce espírito e a satisfação de servirem juntos em tempo integral na obra do Mestre.
Alguns de vocês talvez sejam tímidos por natureza ou se considerem incapazes de aceitar um chamado para servir. Lembrem que esta é a obra do Senhor e, quando estamos a serviço do Senhor, temos o direito de receber a ajuda Dele. O Senhor moldará o ombro para que suporte o fardo nele depositado.
Outras pessoas, ainda que dignas para servir, talvez achem que há prioridades mais importantes. Lembro-me bem da promessa do Senhor: “Porque aos que me honram honrarei” (I Samuel 2:30). Nenhum de nós honrará mais o Pai Celestial e o Salvador do que servindo como missionários dedicados e compassivos.
Um exemplo desse tipo de serviço foi a experiência missionária de Juliusz e Dorothy Fussek, que foram chamados para servir como missionários na Polônia. O irmão Fussek nasceu na Polônia. Falava o idioma. Amava o povo. Já a irmã Fussek era inglesa, pouco conhecia a respeito da Polônia e nada sabia sobre aquele povo. Cheios de confiança no Senhor, iniciaram sua designação. Era um trabalho solitário, e a tarefa a cumprir era imensa. Naquela época, ainda não havia nenhuma missão na Polônia. A designação confiada aos Fussek foi preparar o caminho para a criação de uma missão.
O élder e a irmã Fussek se desesperaram diante da importância dessa designação? Nem por um segundo. Sabiam que o chamado vinha de Deus. Oraram para receber Seu auxílio divino e dedicaram-se de corpo e alma ao trabalho.
Certa vez, eu, o Élder Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos, e o Élder Hans B. Ringger, na época, dos Setenta, acompanhados pelo Élder Fussek, nos reunimos com o ministro polonês responsável pelos assuntos religiosos, Adam Wopatka.
Ele nos disse: “Sua Igreja é bem-vinda aqui. Podem construir suas capelas e mandar seus missionários. Esse homem”, apontando para Juliusz Fussek, “serviu muito bem a sua Igreja. Vocês podem ser gratos por seu exemplo e trabalho”.
Assim como os Fussek, façamos o que devemos fazer no serviço do Senhor. Então poderemos, juntamente com Juliusz e Dorothy Fussek, repetir em uníssono o Salmo: “O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra.
(…) Aquele que te guarda não tosquenejará.
Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel” (Salmos 121:2–4). ◼

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Devemos, sempre, buscar e adquirir conhecimento espiritual.

Como neste ano iremos estudar a Historia da Igreja, alguns podem supor erradamente que não falaremos (ou falaremos pouco) sobre doutrina e princípios.
Porem não é o caso!
Em nosso estudo do Evangelho, eu acredito, devemos sempre aprender e aprofundar nossos conhecimentos sobre a Doutrina e os princípios que nos levam a Cristo.
Os artigos abaixo falam melhor sobre o que quero dizer.
Bom dia e boa leitura...


VIVER DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS DO EVANGELHO
Governar Nossa Vida pelos Princípios
O Presidente Ezra Taft Benson disse: “Uma das coisas mais importantes que vocês podem fazer (…) é mergulhar nas escrituras. Estudem-nas diligentemente, banqueteando-se com as palavras de Cristo. Aprendam a doutrina. Assimilem os princípios nelas encontrados”. (“The Power of the Word”, Ensign, maio de 1986, p. 81.)
O Élder Richard G. Scott, membro do Quórum dos Doze Apóstolos, disse: “Ao buscar conhecimento espiritual, procure princípios. Separe-os cuidadosamente dos detalhes usados para explicá-los. Os princípios são verdades concentradas, prontas para serem utilizadas numa grande variedade de situações. Um princípio verdadeiro torna as decisões mais claras, mesmo nas situações mais desorientadoras e constrangedoras.
Vale a pena esforçar-nos para organizar a verdade em princípios simples”. (Conference Report, outubro de 1993, p. 117; ou Ensign, novembro de 1993, p. 86.)
Conhecer e viver princípios corretos é essencial para uma vida feliz (...). Os princípios do evangelho incluem doutrina, mandamentos, convênios, ordenanças e preceitos. Neste [artigo], porém, o termo princípio refere-se a uma verdade do evangelho que nos dá conselho e orientação para como conduzirmos nossa vida.
Precisamos Fazer Nossa Parte
Os princípios geralmente podem ser divididos em duas partes principais: Se e então. A parte “se” é um conselho geral declarado pelo Senhor. E a parte “então” são os resultados prometidos se obedecermos ou desobedecermos ao conselho. Se guardarmos os mandamentos, então prosperaremos na terra. (Ver 1 Néfi 4:14.)
Deus chamou a Palavra de Sabedoria de “um princípio com promessa”. (D&C 89:3) A parte se refere-se ao conselho de mantermos nosso corpo física e espiritualmente puro. A parte então promete saúde, sabedoria, força e outras bênçãos.
O Senhor cumpre suas promessas: "Eu, o Senhor, estou obrigado quando fazeis o que eu digo; mas quando não o fazeis, não tendes promessa alguma". (D&C 82:10) Devemos lembrar que Deus determina a parte do "então" conforme Sua sabedoria e não de acordo com nossas expectativas.
Os princípios nem sempre são ensinados ou escritos no formato se-então. Por exemplo, as Autoridades Gerais nem sempre dirão: “Se vocês tiverem fé, então terão o poder do Senhor em sua vida”. Em vez disso, eles podem contar exemplos que ilustrem a fé ou que nos motivem a sermos fiéis.
Os Princípios do Evangelho São Universais
Os princípios do evangelho são universais: São válidos em todas as situações, em todas as culturas e em todos os momentos. Todos os princípios do evangelho, que eram verdadeiros para Adão, continuam sendo verdadeiros nestes últimos dias. Temos profetas, escrituras e a influência do Espírito Santo para ajudarnos a compreender e aplicar os princípios corretos em nossa vida.
Resumo
Um princípio é uma verdade eterna, uma lei ou uma regra que você pode adotar para guiá-lo ao tomar decisões. Os princípios ajudam-nos a aplicar as doutrinas do evangelho a nosso dia-a-dia e dão-nos uma luz para iluminar o caminho à nossa frente, neste mundo cada vez mais confuso e iníquo.


CONHECIMENTO DE COISAS ESPIRITUAIS
À medida que o conhecimento espiritual cresce, ele precisa ser compreendido, valorizado, obedecido, lembrado e ampliado.
—Élder Richard G. Scott


ADQUIRIR CONHECIMENTO ESPIRITUAL
Élder Richard G. Scott
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Conference Report, outubro de 1993, pp. 117–120; ou Ensign, novembro de 1993, pp. 86–88

Sou constatemente inspirado e motivado por vocês, maravilhosos membros honrados da Igreja. Agradeço seu entusiasmo pela vida, a generosidade com que doam tempo e talentos, sua devoção e determinação de viver dignamente. Agradeço também aos muitos amigos que nos acompanharam nestas sessões de conferência. Que as mensagens transmitidas abençoem sua vida.
A Importância do Conhecimento Espiritual
Recentemente, na América do Sul, um jovem me pediu: “Poderia dar-nos algumas sugestões que nos ajudem a conhecer melhor o Salvador e a nos tornar capazes de seguir constantemente o exemplo que Ele nos deu?” Essa importante questão e outras semelhantes inspiraram esta mensagem sobre como adquirir conhecimento espiritual.
O Presidente Ezra Taft Benson salientou a importância do conhecimento espiritual, dizendo:
“Devemos fazer do estudo diário das escrituras um projeto para toda a vida. (…)
Uma das coisas mais importantes que podemos fazer (…) é mergulhar nas escrituras. Estudem-nas diligentemente. (…) Aprendam a doutrina. Assimilem os princípios. (…)
É preciso (…) perceber que (…) o estudo das escrituras não é um fardo imposto pelo Senhor, mas uma maravilhosa bênção e oportunidade”. (Conference Report, outubro de 1986, p. 61; ou Ensign, novembro de 1986, p. 47.)
O Presidente Spencer W. Kimball comentou:
“O conhecimento espiritual deve estar acima de tudo. O conhecimento secular sem o alicerce espiritual é (…) como a espuma sobre o leito, apenas uma sombra passageira. (…) Não precisamos escolher um dos dois (…) pois podemos adquirir ambos ao mesmo tempo.” (The Teachings of Spencer W. Kimball, (…) p. 390.)
Como Adquirir Conhecimento Espiritual
Ao buscar conhecimento espiritual, procurem os princípios. Separem-nos cuidadosamente dos detalhes usados para explicá-los. Os princípios são verdades concentradas, prontas para serem utilizadas numa grande varidade de situações. Um princípio verdadeiro torna as decisões mais claras mesmo sob as mais desorientadoras e constrangedoras situações. Vale a pena esforçar-nos para organizar a verdade em princípios simples. Tentei fazê-lo com referência à aquisição do conhecimento espiritual. Compartilho com vocês o resultado, na esperança de que seja um ponto de partida para seu estudo. O princípio é o seguinte:
Para adquirir conhecimento espiritual e obedecer a ele com sabedoria devemos:
• Buscar a luz divina, com humildade.
• Exercer fé em Jesus Cristo.
• Ouvir o Seu conselho.
• Guardar Seus mandamentos.
À medida que o conhecimento espiritual cresce, ele precisa ser compreendido, valorizado, obedecido, lembrado e ampliado.
Explicarei o princípio com exemplos das escrituras, declarações dos profetas e com preciosas, porém difíceis, experiências pessoais.
Espero que estas sugestões possam ajudá-los na busca da verdade espiritual por toda vida. Desse modo poderão, com o tempo, alcançar o objetivo dado pelo Presidente Joseph F. Smith:
“A maior conquista que o homem pode fazer neste mundo é familiarizar-se com a verdade divina, de modo tão completo e perfeito, que nem mesmo o exemplo ou a conduta de qualquer ser humano possa afastá-lo do conhecimento obtido. (…)
Desde a infância, tenho desejado aprender os princípios do evangelho de tal modo (…) que para mim não importasse quem viesse a se afastar da verdade, (…) meu alicerce continuaria firmemente baseado nas verdades que aprendi.” (Doutrina do Evangelho, pp. 3–4.)
Tal como o Presidente Smith, todos precisamos desse tipo de segurança para mantermos a vida centralizada na retidão e evitar que sejamos arrastados pelas implacáveis ondas mundanas.
Buscar a Luz Divina, com Humildade
As seguintes escrituras nos ensinam por que devemos buscar a luz divina:
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho. ” (Salmos 119:105; grifo do autor.)
“Eu, o Senhor, (…) serei para sempre uma luz para aqueles que ouvem minhas palavras.” (2 Néfi 10:14; grifo do autor.)
“Pois eis que sou eu quem fala; eis que eu sou a luz que resplandece nas trevas e pelo meu poder dou-te estas palavras.
(…) Põe tua confiança naquele Espírito que leva a fazer o bem—sim, a agir justamente, a andar em humildade, a julgar com retidão; e esse é o meu Espírito. (…) Dar-te-ei do meu Espírito, o qual iluminará tua mente e encher-te-á a alma de alegria; E (…) por este meio saberás todas as coisas, relativas à retidão, que desejares de mim, com fé, acreditando em mim que receberás.” (D&C 11:11–14; grifo do autor.)
Fazendo uma analogia com a luz física podemos compreender melhor o poder da luz espiritual. Uma luz acesa em uma sala escura vence a escuridão, mas se a escuridão for muito intensa, ela pode vencer a luz, como no caso de uma lâmpada mergulhada em um balde de tinta preta. A luz espiritual vence a escuridão da ignorância e da descrença. Quando a transgressão obscurece seriamente a vida, a verdade concentrada do arrependimento corta a escuridão como um raio laser, penetrando na tinta mais escura.
A humildade é essencial para a aquisição do conhecimento espiritual. Ser humilde é ser capaz de aprender. A humildade permite que sejamos instruídos pelo Espírito e aprendamos das fontes inspiradas do Senhor, tais como as escrituras. A semente do crescimento pessoal e da compreensão germinará e florescerá no solo fértil da humildade. Seu fruto é o conhecimento espiritual que nos guiará neste mundo e no mundo vindouro.
Uma pessoa orgulhosa não pode conhecer as coisas do Espírito. Paulo ensinou essa verdade, dizendo:
“Ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. (…) Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” (I Coríntios 2:11, 14.)
Como é necessário muito esforço pessoal para se obter e utilizar o conhecimento que realmente tem valor, não podemos ficar infindavelmente apanhando amostras de todas as fascinantes áreas da vida. Portanto, devemos selecionar cuidadosamente algumas áreas vitais nas quais devemos concentrar nossa energia para aprender e compartilhar verdades essenciais. Sei que adquirir conhecimento de grande valor requer extraordinário esforço pessoal. Isso torna-se particularmente verdadeiro quando procuramos obter conhecimento espiritual. O Presidente Kimball expressou-se da seguinte maneira:
“Os tesouros do conhecimento tanto secular quanto espiritual estão escondidos, mas apenas daqueles que não os procuram devidamente e não se esforçam para obtê-los. (…) O conhecimento espiritual não é adquirido apenas por um pedido. Mesmo as orações não são suficientes. É preciso persistência e a dedicação de uma vida inteira. (…) De todos os tesouros do conhecimento, o mais vital é o conhecimento de Deus.” (The Teachings of Spencer W. Kimball, pp. 389–390.)
Brigham Young aprendeu essa verdade escutando cuidadosamente as palavras de Joseph Smith e esforçando-se para compreender tudo o que lhe foi ensinado por palavra, exemplo ou pelo Espírito. O resultado tem abençoado gerações. Isso permitiu que Brigham Young aprendesse novas verdades e ensinasse muito mais do que havia recebido pessoalmente de Joseph Smith. Segui o seu exemplo.
Exercer Fé e Ouvir o Conselho de Jesus
A necessidade de exercer fé em Jesus Cristo é absolutamente essencial. É o alicerce do plano de salvação. Quando o exercício da fé é acompanhado de esforço sincero baseado no desejo de ouvir Seu conselho, seguem-se grande crescimento pessoal e bênçãos. O Salvador declarou:
“E agora vos dou o mandamento de que (…) deis ouvidos diligentemente às palavras de vida eterna.
Porque vivereis de toda palavra que sai da boca de Deus.
Porque a palavra do Senhor é verdade; e tudo que é verdade é luz; e tudo que é luz é Espírito, sim, o Espírito de Jesus Cristo.
E o Espírito dá luz a todo homem que vem ao mundo; e o Espírito ilumina todo homem no mundo que dá ouvidos a sua voz.
E todo aquele que dá ouvidos à voz do Espírito vem (…) [ao] Pai.” (D&C 84:43–47; grifo do autor.)
Obedecer aos Mandamentos O papel da obediência na aquisição do conhecimento espiritual é decisivo, como confirma esta declaração do Presidente Joseph Fielding Smith:
“O Senhor nos concederá dons. Ele vivificará nossa mente. Ele nos dará (…) um conhecimento que estará tão profundamente enraizado em nossa alma que (…) nunca poderá ser arrancado, se tão somente procurarmos a luz (…) e o entendimento que Ele nos prometeu, os quais receberemos apenas se formos fiéis e verdadeiros a todos os convênios e obrigações pertencentes ao evangelho de Jesus Cristo.” (Conference Report, outubro de 1958, p. 22.)
Para guardar os mandamentos, devemos conhecê-los. A melhor fonte para conhecê-los são as escrituras. O Presidente Joseph Fielding Smith aconselhou-nos:
“Estamos enfrentando o ataque de pessoas mal-intencionadas que [procuram] (…) destruir o testemunho dos membros da Igreja. Muitos (…) estão em perigo por falta de entendimento e porque não procuram a orientação do Espírito. (…) É mandamento do Senhor que os membros (…) sejam diligentes (…) e estudem (…) as verdades fundamentais do evangelho. (…) Toda pessoa batizada [pode] ter um testemunho forte (…) mas [ele] (…) irá enfraquecer gradualmente até desaparecer [se não houver] (…) estudo, obediência e uma busca diligente de conhecimento e compreensão da verdade.” (Conference Report, outubro de 1963, p. 22.)
A profunda verdade espiritual não pode ser simplesmente derramada sobre a cabeça e o coração de uma pessoa. É necessário fé e esforço diligente. A preciosa verdade é obtida pouco a pouco por meio da fé, grande esforço e, às vezes, verdadeira luta. O Senhor quer que seja assim para nosso amadurecimento e progresso. Morôni disse: “Não disputeis porque não vedes, porque não recebeis testemunho senão depois da prova de vossa fé”. (Éter 12:6) Para explicar essa verdade, o Presidente Harold B. Lee nos deu uma sábia instrução:
“O sangue do Salvador, Sua expiação, vai salvar-nos, mas somente depois que tivermos feito todo o possível para salvarmos a nós mesmos pelo cumprimento de Seus mandamentos. Todos os princípios do evangelho são princípios de promessa por meio dos quais os planos do Todo-Poderoso nos são revelados.” (Stand Ye in Holy Places, Salt Lake City: Deseret Book Co., 1974, p. 246.)
Aplicar o Conhecimento Espiritual Ao adquirirmos conhecimento, devemos compreendê-lo, valorizá-lo, obedecer a ele, lembrá-lo e ampliá-lo. Vou explicar:
• Compreender. Ao encontrarmos cada elemento da verdade, devemos examiná-lo cuidadosamente à luz do conhecimento prévio para determinar onde se encaixa. Ponderá-lo; analisá-lo por dentro e por fora. Estudá-lo de todos os pontos de vista para descobrir seu significado oculto. Examiná-lo de todas as perspectivas para confirmar que não chegamos a conclusões falsas. A reflexão, em espírito de oração, vai trazer-nos maior entendimento. Essa avaliação é particularmente importante quando recebemos a verdade por meio de um sentimento do Espírito.
• Valorizar. Mostramos que valorizamos o conhecimento quando expressamos gratidão por ele, especialmente por meio de orações sinceras. O Senhor disse: “E aquele que receber todas as coisas com gratidão será glorificado; e as coisas desta Terra ser-lhe ão acrescentadas, mesmo centuplicadas, sim, mais”. (D&C 78:19)
• Obedecer. A obediente aplicação da verdade é a maneira mais segura de torná-la eternamente nossa. A sábia utilização do conhecimento encherá nossa vida com seus frutos preciosos.
• Lembrar. Uma poderosa orientação espiritual na vida pode ser derrubada ou esquecida se não providenciarmos um meio de retê-la.
Brigham Young declarou: “Se amais a verdade, podeis recordar-vos dela”. (Discourses of Brigham Young, sel. John A. Widtsoe, Salt Lake City: Deseret Book Co., 1941, p. 10.) O conhecimento que for cuidadosamente registrado estará à nossa disposição na hora da necessidade. A informação referente a verdades espirituais deve ser guardada em lugar sagrado para mostrar ao Senhor o quanto a estimamos. Essa prática aumenta a probabilidade de recebermos mais luz.
• Ampliar. Este item refere-se aos ricos benefícios advindos de nossos esforços em aplicar, estender e aumentar nossa compreensão da verdade. Utilizem as escrituras e as declarações dos profetas para aumentar seu conhecimento. Vocês descobrirão que os esforços para compartilhar o conhecimento muitas vezes são recompensados com maior entendimento, fazendo com que mais luz flua para dentro de sua mente e coração. (Ver D&C 8:2–3.)
Estudar e Aplicar as Mensagens da Conferência Estamos chegando ao final de uma grande conferência. Nas mensagens proferidas recebemos verdades inspiradas sem grande esforço de nossa parte. Façam com que essas verdades se tornem suas, por meio do estudo e da aplicação consciente, seguindo os passos de um profeta de Deus, Spencer W. Kimball, que ao final de uma conferência nos ensinou:
“Enquanto estive aqui sentado, cheguei à conclusão de que quando voltar para casa após a conferência, hoje à noite, haverá muitos aspectos em minha vida que poderei aperfeiçoar. Fiz mentalmente uma lista dos mesmos, e espero pôr mãos à obra assim que terminarmos esta conferência. (Conference Report, outubro de 1975, p. 164; ou Ensign, novembro de 1975, p. 111.)
O privilégio de aprender verdades absolutas é sagrado para mim. Causa-me assombro que o Pai Celestial e Seu Filho Amado estejam desejosos, até mesmo ansiosos, de que aprendamos com Eles. Rogo-lhes que utilizem o que lhes ensinei, reconhecendo o maravilhoso privilégio que é dado a cada um de nós que deseja obedecer e aprender verdades eternas. A aquisição de conhecimento espiritual não é um processo mecânico. É um privilégio sagrado baseado em leis espirituais. Testifico que vocês podem receber auxílio inspirado. Peçam humildemente ao Pai Celestial. Busquem Sua luz divina. Exerçam fé no Salvador. Procurem ouvir Seus conselhos e obedecer a Seus mandamentos. Ele os abençoará e conduzirá enquanto caminham por este mundo muitas vezes traiçoeiro.
Presto solene testemunho de que Jesus guia esta Sua Igreja. Ele conhece e ama pessoalmente cada um de vocês, e ao prosseguirem, obedientes, Ele os abençoará, inspirará e guiará a um maior conhecimento e capacidade. Testifico que Ele vive, em nome de Jesus Cristo. Amém

[MANUAL DO ALUNO DO CURSO DE CASAMENTO ETERNO, http://institute.lds.org/content/languages/portuguese/Institute%20of%20Religion%20Materials/Student%20Manuals/Religion%20234-235,%20Eternal%20Marriage%20Student%20Manual~por.pdf ]

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Presidente James E. Faust - Ensaios Clássicos dos Simpósios Sperry: Doutrina e Convênios e Revelação Contínua




O Presidente James E. Faust é Segundo Conselheiro da Primeira Presidência.



Meus queridos irmãos e irmãs, sinto-me humilde ao participar deste simpósio com tantos catedráticos proeminentes que discursarão das várias dimensões do livro de Doutrina e Convênios. Este sentimento aumenta em mim devido em grande parte ao fato de eu não me sentir muito comfortável no papel de erudito. Hoje eu gostaria de comentar em mais detalhes sobre um tema de Doutrina e Convênios: "Anunciarás as coisas que foram reveladas a meu servo, Joseph Smith, Júnior" (D&C 31:4). Acrescento a isso "e seus sucessores na obra."

O reitor da faculdade de direito que cursei constantemente enfatizava que sua missão principal não era a de nos ensinar a lei, pois a lei mudaria, em vez disso, sua missão primária era a de nos ensinar a racionciar de forma correta, baseando-nos em princípios sãos.

Comparando isto á nossa tarefa de hoje, descobrimos que o corpus das escrituras modernas só tem mudado no sentido de receber acréscimos porque não é nem estático nem fechado. Meu desejo hoje é o de dar uma orientação no sentido de manter nosso racioncínio equilibrado quanto ao processo e importância da revelação moderna, bem como a importância do seu conteúdo.

Num esforço de dar um background a esta orientação a respeito de Doutrina e Convênios, acho bom começar por uma declaração do Profeta Joseph Smith: "Disse aos irmãos que o Livro de Mórmon era o livro mais correto de todos os livros na terra e a pedra de abóbada de nossa religião e que um homem poderia aproximar-se mais de Deus por guardar seus preceitos do que os de qualquer outro livro."1 Esta declaração não despreza as outras escrituras. O Livro de Mórmon é a chave de compreensão da Bíblia. Também sabemos que o próprio livro de Doutrina e Convênios é sui generis.

Além da declaração de Joseph concernente ao Livro de Mórmon como sendo a pedra de abóbada da nossa religiãos, não me sinto confortável em classificar as outras obras-padrão quanto a sua importância relativa. Cada uma é única. Cada uma é a palavra de Deus. Cada uma é especial. Cada uma é essencial para entendermos os princípios do evangelho. Cada uma é essencial a nossa salvação. Posto que as revelações continuam avir a toda hora para esta instituição divina, sugiro que demos prioridade ás declarações dos profetas modernos em contrapartida ás recebidas há muitos e muitos séculos, as quais foram destinadas a um povo diferente de uma época diferente. Por exemplo, acredito que os conselhos do profeta atual devem receber muito mais atenção do que os pronunciamentos de Ezequiel.

Entre todas as escrituras, porém, Doutrina e Convênios é único por muitos motivos. é único porque, ao contrário do Livro de Apocalipse, não se trata de um livro fechado. O Senhor tem feito declarações contemporâneas a todas as gerações, a nossos bisavôs, a nossos avôs, a nossos pais, a nós mesmos e a nossos filhos. Além disso, para nós que lemos ingles, não passou por nenhuma tradução. é a primeira impressão do Senhor em inglês. Todas as outras escrituras se tartan de traduções de línguas arquaicas.

Num esforço de tentar entender a natureza de como a revelação se transmite a nós, é importante compreendermos que o direito e função de inspiração depende de chaves. Talvez valha a pena fazer umas observações pessoais com relação á revelação acrescentada mais recentemente, conhecida como a Declaração-2. Alguns de nós que observamos por perto a chegada desta revelação ainda vivemos. Talvez seja interessante eu comentar um pouco sobre seu background. A Declaração número 2, naturalmente, refere-se á concessão do sacerdócio a todos os membros masculinos dignos da Igreja. Isso é significante por muitos motivos, sendo um deles o fato de que com a vinda desta revelação o mundo inteiro se abriu para a divulgação da obra de Deus. As chaves, as bênçãos e as investiduras, inclusive as dos antigos patriarcas, agora se tornaram disponíveis a todos. A respeito disso o Presidente Spencer W. Kimball disse:

"Como os irmãos sabem, no dia nove de junho uma política mudou, afetando grandes números de pessoas pelo mundo afora. Milhões e milhões de pessoas sentirão os efeitos desta revelação que nos veio. Eu me recordo vividamente que durante um tempo eu caminhava todos os dias ao templo e subia até o quarto andar onde se realizam as assembléias solenes e onde se realizam as reuniões dos Doze com a Primeira Presidência. Depois que todos haviam saído do templo, eu me ajoelhava e orava. Orava com muito fervor, pois eu sabia que perante nós estava algo extremamente importante para muitos filhos de Deus. Eu sabia que só poderíamos receber as revelações do Senhor se fôssemos dignos e se estivéssemos prontos para recebê-las, aceitá-las e pô-las em prática. Dias após dias eu ia sozinho com grande solenidade e seriedade ás salas superiores do templo e lá oferecia minha alma e oferecia meus esforços de levar a obra adiante. Eu queria fazer o que Ele quisesse. Eu conversava com Ele e dizia: 'Senhor, eu só quero fazer o que é certo. Não estamos fazendo plano algun para lançá-lo de modo espetacular. Só queremos aquilo que tu queres, e queremo-lo na hora que tu decidires e antes disso não.'

"Horas após horas nós nos reuníamos com o Conselho dos Doze na sala sagrada onde há um quadro do Salvador que representa suas diferentes disposições e onde também há quadros de todos os presidentes de Igreja. Por fim sentimos a impressão do Senhor que nos revelou de forma muito clara que isto era o que se devia fazer para tornar universal para todas as pessoas dignas o evangelho."2

Referindo-se a esta experiência, o élder Bruce R. McConkie declarou: "Aconteceu num dia glorioso de junho de 1978. Todos nós estávamos reunidos na sala superior do Templo de Salt Lake. Oramos fervorosamente, rogando ao Senhor que manifestasse sua mente e vontade concernentes áqueles que têm direito de receber o santo sacerdócio. O próprio Presidente Kimball serviu de porta-voz, oferecendo os desejos de seu coração e de nosso coração áquele Deus cujos servos somos." Antes disso, durante a mesma reunião, o Presidente Kimball já havia discutido a possível concessão do sacerdócio a todas as raças. O élder McConkie continua: "O Presidente repetiu o assunto em pauta, lembrou-nos das reuniões prévias e disse que havia passado muitos dias sozinho na sala superior, suplicando ao Senhor uma resposta a nossas orações. Ele disse que se a resposta fosse continuar a seguir a política em vigor de negar o sacerdócio aos descendentes de Caim, como o Senhor havia antes ordenado, estaria preparado a defender a decisão até a morte. Porém, ele disse, se a hora muito esperada tivesse chegado em que a maldição do passado seria removida, ele achava que poderíamos convencer o Senhor a manifestar-se. Ele comunicou sua esperança que recebêssemos uma resposta clara, sim ou não, para que houvesse uma solução definitiva." 3

Uma semana depois da reunião a que o élder McConkie se referiu, todas as autoridades gerais foram convocadas á sala superior do templo para uma reunião especial. O Presidente Kimball anunciou a revelação, a qual foi recebida com grande alegria por todos os irmãos. A caminho da reunião eu caminhava como um dos outros presidentes do Primeiro Quórum dos Setenta (naquela época eu não era membro do Quórum dos Doze). Meu querido colega me perguntou se eu achava que a reunião era a respeito de certo problema corrente e eu indiquei que achava que não, sem comentar mais a respeito do assunto. No íntimo, porém, eu esperava que se fosse anunciar uma revelação como a que de verdade veio. Ninguém havia indicado que tal anúncio estava para vir, mas os meus sentimentos se baseavam na inquietação provinda do Espírito.

As próprias palavras do Presidente Kimball é que melhor descrevem o evento: "Tivemos a experiência gloriosa do Senhor manifestar-se claramente que a hora havia chegado em que todos os homens e mulheres em todo lugar podem ser co-herdeiros e plenos participantes de todas as bênçãos do evangelho. Quero, como testemunha especial do Salvador, que os irmãos saibam quão perto dele e de nosso Pai Celestial me senti ao estar numerosas vezes na sala superior do templo, indo sozinho muitas vezes ao longo de muitos dias. O Senhor me revelou de maneira claríssima o que se deveria fazer. Não supomos que as pessoas do mundo possam entender tais coisas, pois sempre se apressam para inventar suas próprias explicações ou desprezar o processo divino de revelação."4

O Presidente Kimball ainda falou do processo de revelação:

"Para muitos parece difícil aceitar como revelação aquelas numerosas mensagens . . . que vêm aos profetas na forma de impressões incontestáveis e profundas que descem á mente e ao coração do profeta tal qual o orvalho do céu ou como a aurora que afasta a escuridão da noite. Muitos homens parecem não ter ouvidos para mensagens espirituais nem as compreendem se aprarecem de traje comum. . . Fora as manifestações espetaculares, tais pessoas não estão cientes do fluxo constante de comunicação divina e reveladora que existe na Igreja.

"Quando se fazem decisões importantes na reunião no templo ás quintas-feiras, após muito orar e jejuar, como a criação de novas missões e estacas e a implantação de novos modelos e políticas, alguns não levam a sério as notícias e possivelmente pensam que se tratam de meras decisões humanas. Mas para aqueles que assistem a estas reuniões e ouvem as orações do profeta e o testemunho do homem de Deus, sim, para aqueles que vêem a sabedoria de suas deliberações e a sagacidade de suas deciões e pronunciamentos, para aqueles ele é um profeta de verdade. Ouvi-lo concluir novas iniciativas com expressões solenes tais como 'o Senhor se compraz'; 'aquela ação está certa'; 'nosso Pai Celestial falou,' é saber de forma absolutamente positiva."5

Há tanta revelação continua que vem a este povo que não se pode apreciar por completo a sua enormidade. Porém, não se torna nunca uma coisa comum. Eu, como quem participa do chamado de presidentes de estaca, patriarcas e outros oficiais da Igreja, posso afirmar pela experiência própria o que Enos disse tão bem: "E enquanto estava assim lutando no espírito, eis que a voz do Senhor me veio á mente" (Enos 1:10).

O processo que o Presidente Kimball explicou, bem como outros que estavam presentes, pode ser semelhante ao de outras revelações contidas em Doutrina e Convênios, algumas das quais também se tratavam de impressões profundas. O Presidente Kimball citou um parágrafo de Parley P. Pratt que mostra como aquelas revelações eram transmitidas ao Profeta Joseph Smith: "Cada oração se pronunciava lenta e distintamente com uma pausa após cada frase de duração suficiente para que fosse possível a uma pessoa normal escrevê-la por extenso. Esta foi a maneira em que todas as suas revelações foram ditas e escritas. Nunca houve hesitação, redação nem revisão para não perder o fio do ditado; nunca se fizeram emendas, nem rasuras nem correções a estas comunicações. Elas permaneceram tal qual ele as ditou, pelo que eu presenciei e eu presenciei o ditado de mutias comunicações, cada uma de várias páginas."6

Comentando em geral a respeito da majestade e grandeza do livro de Doutrina e Convênios, o Presidente Joseph F. Smith disse: "Digo aos meus irmãos que o livro de Doutrina e Convênios contém uns dos princípios mais gloriosos já revelados ao mundo e alguns foram revelados mais plenamente do que foram antes revelados ao longo da histórida do mundo, assim cumprindo a promessa dos antigos profetas de que nos últimos dias o Senhor revelaria coisas ao mundo que haviam sido ocultas desde a sua fundação, e o Senhor as revelou através do Profeta Joseph Smith."7

Quanto á importância maior destas declarações divinas, vamos pensar de forma correta. Depois de reveladas, o Senhor espera que algo na nossa vide se transforme para o bem e melhor.

O Presidente Heber J. Grant expressou, porém, que tais pronunciamentos eram de pouco valor a não ser que se tornassem parte da prática cotidiana de nossa religião. Ele disse: "O livro de Doutrina e Convênios está cheio de coisas esplêndidas que devemos conhecer. Porém, pode-se ler o livro de capa a capa e decorar todo o seu conteúdo, mas não lhes fará bem algum a não ser que se ponham em prática os ensinamentos. Ler um livro inteiro sem praticar o que se ensina nela não terá valor nenhum. São as coisas que lemos, aprendemos e depois praticamos que têm valor."8

O Presidente Wilford Woodruff possuia um grande testemunho de Dourtina e Convênios: "Considero que o livro de Doutrina e Convênios, nosso testamento, contém um códice das proclamações mais divinas e solenes já concedidas á família humana."9

Há uma grande responsabilidade que recai sobre o estudante individual das escrituras, a de viver de tal maneira a qualificar-se para receber a maturação espiritural suficiente para compreender os pronunciamentos de Deus e receber forças para fazer as coisas acontecerem. A respeito deste assunto Brigham Young disse: "é seu privilégio e dever levar uma vida que lhes proporcione a capacidade de entender as coisas de Deus. Há um Velho e Novo Testamento, o Livro de Mórmon e o livro de Doutrina e Convênios, que Joseph nos deu, e juntos são de grande valor para quem vaga na escuridão. São como um farol no mar, ou a sinalização na estrada que aponta o caminho que devemos seguir. Aonde conduzem? á Fonte da luz."10

Para concluir, eu gostaria de compartilhar um ou dois conceitos profundos que se encontram em Doutrina e Convênios, os quais ficaram gravados na minha mente. Uma das maiores doutrinas já declaradas é o princípio da salvação universal. Devido á expiação toda a humanidade se levantará da morte. Doutrina e Convênios explica claramente a doutrina de salvação universal:

"Para que todos os que cressem e fossem batizados em seu santo nome e perseverassem com fé, até o fim, fossem salvos-

"Não somente os que crerarm após sua vinda na carne, no meridiano dos tempos, mas todos, desde o princípio, sim, todos os que existiram antes de sua vinda, que creram nas palavras dos santos profetas, os quais falaram segundo foram inspirados pelo dom do Espírito Santo, que verdadeiramente testemunharam a respeito dele em todas as coisas, tivessem vida eterna, 'Como também os que viriam depois e creriam nos dons e chamados de Deus pelo Espírito Santo, que presta testemunho do Pai e do Filho'" (D&C 20:25-27).

Este conceito é um de justiça. Uma doutrina adjunta é a da grande obra por procuração que se realiza nos templos a favor daqueles que já faleceram, para que haja uniformidade. é preciso o trabalho do templo para que se possa implantar a doutrina de salvação universal. Esta instrução dada a Thomas B. Marsh é profundamente esclarecedora em termos da nossa responsabilidade de receber e ensinar a palavra de Deus:

"Que teu coração tenha bom ânimo perante minha face; e prestarás testemunho de meu nome, não só aos gentios como também aos judeus; e enviarás minha palavra aos confins da Terra.

"Contende, portanto, toda manhã; e dia após dia emite tua voz de advertência; e quando vier a noite, não permitas que os habitantes da Terra adormeçam por causa de tuas palavras . . .

"Tua voz será um repreensão para o transgressor; e diante de tua repreensão, que a língua do caluniador cesse sua perversidade. . . .

"Ora, digo a ti, e o que digo a ti digo a todos os Doze: Erguei-vos e cingi vossos lombos; tomai vossa cruz, segue-me e apascentai minhas ovelhas" (D&C 112:4-5, 9, 14).

Uma advertência arrepiante nos veio pela seção 87, em que se predisse a Guerra Civil entre os estados do Norte e os do Sul dos Estados Unidos. O versículo 6 fala da matança, da fome, das pragas, dos terremotos e da ira que estão para vir pela mão castigadora do Deus Todo-Poderoso. Aquele versículo conclui que as calamidades continuariam "até que a destruição decretada ponha um fim total a todas as nações" (D&C 87:6).

Regozijo-me que em nossos dias os céus foram abertos e abriram-se os ouvidos do nosso grande profeta para receber mais luz e conhecimento. Estou seguro que não é muito diferente do processo utilizado pelo Profeta Joseph ao revelar-nos a maioria do livro de Doutrina e Convênios. Naturalmente, os irmãos sabem de outras revelações que foram acrescidas ao livro nos tempos recentes. Tudo isso testemunha que os céus continuam abertos e as escrituras não estão fechadas. Sou muto grato e presto meu testemunho da veracidade da doutrina e da inspiração da Declarção Oficial-2, da qual, como já indiquei antes, fui testemunha ocular e de que participei, junto com outros irmãos. Estou seguro que a Declaração Oficial-2 é uma declaração tão grande como as do Livro de Mórmon e que chegou em nossos dias, de forma que agora o evangelho pode ir adiante em muitos países do mundo.

E assim aconselho e testifico que "vós declarareis as coisas que meu servo , Joseph Smith, Jr. recebera, e seus sucessores na obra." Peço que o Senhor abençoe este corpo de professores para que tenham a iluminação e o entendimento espirituais a fim de compreenderem as grandes e sutis mensagens espirituais que estão contidas não só no livro de Doutrina e Convênios, mas também nas outras escrituras e aí, tendo-as recebido e chegado a certo nível de compreensão do que o Senhor pretendia com elas, que tenham as forças, a coragem e a sabedoria de implementá-las em sua vida.

Peço que as bênçãos do céu se derramem sobre cada um dos irmãos e sobre esse grande departamento de Educação Religiosa desta universidade maravilhosa que patrocinou este simpósio. Esse departamento é uma espécie de centro desta grande universidade e fulco ao redor do qual se concentra a divulgação da verdade. E o centro da verdade, naturalmente, é o nosso Pai Celestial.

Deixo com os irmãos o testemunho de minha alma que Deus já revelou e constantemente revela, através de seus servos na Igreja a nível de presidentes de Sociedade de Socorro, presidentes de Primária, bispos, presidentes de estaca e de missão e as autoridades gerais, um fluxo contínuo de revelação que, se estivermos atentos, teremos condições de receber e interpretar.

Testifico pessoalmente do Senhor ter falado a minha mente em ocasiões regulares e freqüentes. Declaro este testemunho e deixo esta bênçaõ [em nome de Jesus Cristo].





Anotações



Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [A História da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias], readação de B. H. Roberts, 2a edição, revisada. (Salt Lake City: Deseret Book, 1957), 4:461.
Spencer W. Kimball, The Teachings of Spencer W. Kimball [Os Ensinamentos de Spencer W. Kimball], redação de Edward L. Kimball (Salt Lake City: Bookcraft, 1982), 450-51.
Bruce R. McConkie, "The New Revelation on Priesthood," ["A Nova Revelação sobre o Sacerdócio"] em Priesthood (Salt Lake City: Deseret Book, 1981), 126-28.
Kimball, Teachings, 452.
Kimball, Teachings, 457-58.
Kimball, Teachings, 456.
Joseph F. Smith, Gospel Doctrine [Doutrina do Evangelho] (Salt Lake City: Deseret Book, 1986), 45.
Heber J. Grant, Gospel Standards [Padrões do Evangelho], compilado por G. Homer Durham (Salt Lake City: Improvement Era, 1941), 39.
Wilford Woodruff, in Journal of Discourses [Jornal de Discursos] (London: Latter-day Saints' Book Depot, 1854-86), 22:146.
Brigham Young, Discourses of Brigham Young [Discursos de Brigham Young], compilado por John A. Widtsoe (Salt Lake City: Deseret Book, 1954), 127.
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