quinta-feira, 28 de março de 2013

Curso Princípios de Liderança - Lição 1: Líderes e Nosso Potencial Divino



Élder Vaughn J. Featherstone

Dos Setenta
Trechos de The Incomparable Christ: Our Master and Model, 1995, pp. 106–108, 110–111, 113–116, 119–120, 123–125, 128–132









[O capitão Morôni terminou sua carta a Amoron, dizendo]: “Agora encerro minha epístola. Eu sou Morôni; eu sou um chefe”. [Alma 54:14; grifo do autor.]
Em meu Livro de Mórmon, escrevi o seguinte na margem da página: “Nunca foram proferidas palavras mais verdadeiras do que quando Morôni declarou: ‘Eu sou um chefe’”. Que grande líder ele foi!
Muitos anos depois, Morôni foi descrito assim: 
“Se todos os homens tivessem sido e fossem e pudessem sempre ser como Morôni, eis que os próprios poderes do inferno teriam sido abalados para sempre; sim, o diabo nunca teria poder sobre o coração dos filhos dos homens”. (Alma 48:17) 
Quando Morôni era o comandante geral dos exércitos nefitas:
“Rasgou sua túnica e, pegando um pedaço 
dela, nele escreveu: Em lembrança de nosso Deus,
nossa religião e nossa liberdade e nossa paz, nossas esposas e nossos filhos—e amarrou-o na ponta de um mastro. 
E ele colocou seu capacete e sua couraça e seus escudos e cingiu os lombos com sua armadura; e pegou o mastro em cuja ponta se 
achava a túnica rasgada (a que ele chamou estandarte da liberdade); e inclinou-se até o solo e orou fervorosamente a seu Deus, a fim de que as bênçãos da liberdade repousassem sobre seus irmãos enquanto restasse um grupo de cristãos para habitar a terra.” (Alma 46:12–13)
Não havia dúvida alguma na mente de Morôni de que ele era o líder. Ele conhecia seu papel e estava determinado a cumpri-lo. Ele se colocou na direção certa com toda a sua alma. Ele pôs sua fé em prática por meio de ações e ajoelhando-se em oração, e não tinha vergonha de fazer essas coisas em público.
Morôni era um líder destemido com um espírito indômito. Seu coração e alma estavam dedicados a uma causa maior do que ele mesmo; e ele não tinha uma partícula sequer de medo. Sempre que lemos sobre o capitão Morôni, sinto um fogo arder na medula de meus ossos. O que vocês dariam para lutar lado a lado com um homem assim?
Sempre haverá homens, mulheres e jovens que serão atraídos para uma causa se tiverem um líder; contudo, é difícil para Deus ou qualquer organização usar um líder relutante. (…)
Estou certo de que Morôni não sabia realmente quão grandioso ele era. Duvido que tenha estudado princípios de liderança num livro popular ou num seminário muito dispendioso. Simplesmente havia uma grande necessidade, e Morôni, com toda a pureza e confiança, deu um passo à frente e permitiu que o Senhor o usasse.
Na Igreja, todos somos líderes e seguidores. A Igreja é organizada de tal forma que mesmo o menor dentre nós lidera durante sua vida. Essa liderança pode assumir a forma de algumas famílias para ensinar como mestre familiar, ou pode ser um chamado na estaca, região ou na mesma área; pode ser uma classe das Moças, ou pode abranger todas as moças da Igreja. (…)
O Presidente Harold B. Lee sugeriu que somente quando nos colocamos totalmente à disposição podemos tornar-nos discípulos dignos de Cristo. É interessante notar que a falta de confiança em si mesmo ou os sentimentos de indignidade não entram em conflito com esse pensamento. Tanto Moisés quanto Enoque eram “lentos no falar” e ficaram admirados com seu chamado. Podemos sentir-nos inadequados, mas quando temos um trabalho a fazer, alguém precisa dar um passo à frente e fazê-lo.
A quarta seção de Doutrina e Convênios declara: “Se tendes desejo de servir a Deus, sois chamados ao trabalho”. (Versículo 3) (…)
Todos os que se dispõem a trabalhar e têm desejo de servir são chamados para liderar. Isso faz parte do plano do evangelho. (…)
O líder precisa ser capaz de ter uma visão do trabalho. (…)
“Não havendo profecia [visão], o povo perece”, tampouco realiza o trabalho. (Provérbios 29:18)
Não têm o desejo de trabalhar e inevitavelmente acabam atrapalhando em vez de ajudar. De modo semelhante, o líder sem visão limita drasticamente a sua eficácia. (…)
Já que a visão é tão importante, como é que a adquirimos? Aqueles que possuem visão têm muitas coisas em comum:
• Eles vêem o trabalho por inteiro.
• Eles visualizam o que precisa acontecer para alcançar os resultados desejados.
• Eles pensam em todos os seus recursos, potenciais e capacidade como um todo.
• Eles vêem dentro de sua mente que coisas maravilhosas e magníficas poderiam acontecer se toda a força de trabalho fosse mobilizada em conjunto.
• Eles se põem a trabalhar para atingirem seu objetivo.
• Eles têm a capacidade de transmitir sua visão aos que estão a seu redor de modo convincente, de modo que os outros também adotem essa visão.
• Eles vêem o que estão fazendo como uma causa, e não um projeto.
• Os líderes religiosos sentem a “mão divina” auxiliando seu trabalho. (…)
Imaginem comigo a magnitude da causa na qual estamos engajados. Recebemos as chaves, o sacerdócio e o programa da maior causa em toda a eternidade. Somente nós, de todos os filhos de Deus, possuímos as chaves do conhecimento da salvação e exaltação. (…)
A causa é maior do que os homens ou os profetas. É a causa do Salvador. É a causa de Deus, o Pai Eterno. Quando adotamos Sua causa e perseveramos fielmente, tornamo-nos portadores de tudo que ensinamos e compartilhamos. Um versículo que cito muito freqüentemente, às vezes sem pensar muito, é:
“Esta é minha obra e minha glória: Levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem”. (Moisés 1:39) Imaginem uma causa que tenha implicações e conseqüências eternas, uma causa tão grandiosa que toda a eternidade depende de nossa aceitação ou rejeição dela. Não compreendemos bem que magnífico privilégio é abraçar plenamente essa causa. (…)
Um quórum ou classe pode ter uma causa: o trabalho missionário, atividades de bem-estar, ativação de todos os membros do quórum, a preparação para o templo, os laços de irmandade (união) e dezenas de outros. Quando estamos envolvidos de modo unido, alcançamos resultados com os quais mal ousamos sonhar.
As coisas que mais amo têm a capacidade de tornarem-se causas verdadeiramente grandiosas.
A família, a religião, o país, os direitos, liberdade, arbítrio e trabalho—a maioria de nós considera essas coisas muito preciosas. (…)
A causa a que nos entregamos precisa ser real e de grande valor; não pode ser inventada. O Senhor nos oferece muitas causas individuais, como o batismo na única Igreja verdadeira, os selamentos no templo, o relacionamento familiar eterno, o trabalho missionário, o cuidado dos necessitados e nosso próprio senso de destino com o potencial de exaltação. (…)
(…)O líder precisa ser um exemplo. (…) O exemplo está em tudo que fazemos. Nisso o líder é constante. Ele não pode ter um nível de caráter no campo de batalha e outro quando está sozinho. (…)
Esta é a obra do Senhor. Ela precisa seguir adiante. O Senhor concede talentos a homens e mulheres, e esses talentos e capacidade de liderança devem ser colocados em prática onde possam proporcionar os maiores resultados. (…)
Os líderes sempre concluem seu trabalho. Eles elevam as pessoas a seu redor. (…)
Devemos orar por líderes espirituais que elevem e motivem as pessoas, que aumentem o nível de atividade e desempenho. (…)
Descobriremos que aqueles que deixam a mais profunda impressão em nossa vida são os que usam seu papel de liderança para servir. Aqueles que são egoístas, arrogantes ou orgulhosos não gostam de servir mas são rápidos em tomar o poder. Adoram o controle, o domínio e a obediência compulsória. (…)
A liderança de serviço é baseada num profundo respeito pelos filhos dos homens. Exige um caráter de liderança que não despreza, avilta ou faz com que os liderados se sintam inferiores. A liderança de serviço eleva, abençoa e transforma vidas de maneira positiva. (…)
Os líderes-servos exercem as seguintes características e práticas no desempenho de seu papel. Eles:
• Compreendem o valor de cada alma humana.
• Têm um senso inato ou desenvolvido de preocupação pelas pessoas.
• São rápidos em apresentar-se como voluntários para aliviar a pressão sobre outras pessoas.
• Correm ao auxílio de alguém que está passando por uma situação embaraçosa ou humilhante.
• Tratam todas as pessoas em base de igualdade.
• Não consideram as tarefas que esperam que os outros façam rebaixantes para si mesmos.
• Não se ofendem com as perturbações causadas por pessoas que estão sofrendo traumas ou estresse emocionais.
• Esperam mais de si mesmos do que de qualquer outra pessoa.
• São rápidos em cumprimentar, dar crédito e edificar aqueles que realizam uma tarefa designada.
• Julgam as pessoas por seu potencial, e não necessariamente por uma única experiência negativa.
• Não tomam para si o crédito das realizações de outra pessoa e gostam de dividir o crédito de suas próprias realizações.
• Procuram conhecer os fatos antes de apontar defeitos ou criticar outras pessoas.
• Ajudam todas as pessoas a sentirem que fazem uma parte real no sucesso de um projeto.
• Detestam brincadeiras ou declarações que humilhem ou chamem a atenção para uma alma.
• Sempre criticam construtivamente em particular e cumprimentam em público.
• São absolutamente honestas em seu trabalho.
• São igualmente justos com todos os que estão sob sua direção.
• Estão sempre dispostos a ouvir os dois lados de uma questão, discussão ou disputa. Sabem que sempre existe o outro lado da moeda. (…)
• São acessíveis a todos, não apenas aos que ocupam um cargo importante ou detenham o poder.
Os verdadeiros líderes-servos não precisam de uma lista de verificação para suas qualidades de caráter, porque as vivem todos os dias. (…)
Os líderes servos também compreendem que cada pessoa é única e especial. Há vários anos, lembro-me de ter ouvido a lenda grega de Procrustes. A lenda é chamada de a “Cama de Procrustes”. Ela tinha 1,80 m de comprimento. Aqueles que não tinham essa estatura eram esticados para se adequarem ao tamanho da cama. Aqueles que tinham mais de 1,80 m sofriam a amputação dos centímetros excedentes. Todos precisavam se adequar à cama de Procrustes. Felizmente não é essa a maneira do Senhor ou de Seu reino. Ele sempre chamou homens e mulheres incomuns que tinham grande integridade, ambição, disciplina e fé em Cristo. Nem todos se encaixam ao mesmo tamanho de cama, e nem ao mesmo chamado.
Nem todos estarão, nem deveríam estar, ocupando o cargo mais elevado da ala, estaca ou da Igreja em geral, mas todos podem fazer suas contribuições máximas como líder servo num chamado ou situação particular. E isso é tudo que o Salvador espera de nós: o melhor de nós, sejamos quem formos.

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