Élder Vaughn J. Featherstone
Dos SetentaTrechos de The Incomparable Christ: Our Master and Model, 1995, pp. 106–108, 110–111, 113–116, 119–120, 123–125, 128–132
[O
capitão Morôni terminou sua carta a
Amoron, dizendo]: “Agora encerro minha epístola. Eu sou Morôni; eu sou um chefe”. [Alma 54:14; grifo do autor.]
Em
meu Livro de Mórmon, escrevi o seguinte
na margem da página: “Nunca foram proferidas palavras mais
verdadeiras do que quando Morôni
declarou: ‘Eu sou um chefe’”. Que grande líder ele foi!
Muitos anos
depois, Morôni foi descrito assim:
“Se
todos os homens tivessem sido e fossem e
pudessem sempre ser como Morôni, eis que os próprios poderes do
inferno teriam sido abalados
para sempre; sim, o diabo nunca teria poder
sobre o coração dos filhos
dos homens”. (Alma 48:17)
Quando Morôni era o comandante geral dos exércitos nefitas:
“Rasgou sua
túnica e, pegando um pedaço
dela, nele
escreveu: Em lembrança de nosso Deus,
nossa religião e nossa liberdade e nossa paz, nossas esposas e nossos
filhos—e amarrou-o na
ponta de um mastro.
E ele colocou seu capacete e sua couraça e seus escudos e cingiu os lombos com sua armadura; e pegou o mastro em cuja ponta se
E ele colocou seu capacete e sua couraça e seus escudos e cingiu os lombos com sua armadura; e pegou o mastro em cuja ponta se
achava a túnica rasgada (a que ele chamou
estandarte da liberdade); e inclinou-se até o solo
e orou fervorosamente a
seu Deus, a fim de que as
bênçãos da liberdade repousassem sobre seus irmãos enquanto
restasse um grupo de cristãos
para habitar a terra.” (Alma 46:12–13)
Não
havia dúvida alguma na mente de Morôni
de que ele era o líder. Ele conhecia seu papel e estava determinado a
cumpri-lo. Ele se colocou
na direção certa com toda a sua alma. Ele pôs
sua fé em prática por meio
de ações e ajoelhando-se
em oração, e não tinha vergonha de fazer essas coisas em público.
Morôni era um líder destemido com um espírito indômito. Seu coração e
alma estavam dedicados a
uma causa maior do que ele mesmo; e ele não tinha uma partícula
sequer de medo. Sempre que
lemos sobre o capitão Morôni, sinto um fogo
arder na medula de meus
ossos. O que vocês dariam
para lutar lado a lado com um homem assim?
Sempre haverá homens, mulheres e jovens que serão atraídos para uma
causa se tiverem um
líder; contudo, é difícil para Deus ou qualquer organização usar um líder relutante. (…)
Estou certo de que Morôni não sabia realmente quão grandioso ele era.
Duvido que tenha
estudado princípios de liderança num livro popular ou num
seminário muito dispendioso.
Simplesmente havia uma grande necessidade, e Morôni, com toda a
pureza e confiança, deu um
passo à frente e permitiu que o Senhor o
usasse.
Na
Igreja, todos somos líderes e seguidores. A
Igreja é organizada de tal forma que mesmo o menor dentre nós lidera
durante sua vida. Essa
liderança pode assumir a forma de algumas famílias para ensinar
como mestre familiar, ou
pode ser um chamado na estaca, região ou na mesma área; pode ser
uma classe das Moças, ou
pode abranger todas as moças da Igreja. (…)
O
Presidente Harold B. Lee sugeriu que
somente quando nos colocamos totalmente à disposição podemos
tornar-nos discípulos dignos
de Cristo. É interessante notar que a falta de confiança em si mesmo
ou os sentimentos de
indignidade não entram em conflito com esse pensamento. Tanto
Moisés quanto Enoque eram
“lentos no falar” e ficaram admirados com seu chamado. Podemos
sentir-nos inadequados, mas
quando temos um trabalho a fazer, alguém precisa dar um passo à frente e fazê-lo.
A
quarta seção de Doutrina e Convênios
declara: “Se tendes desejo de servir a Deus,
sois chamados ao trabalho”. (Versículo
3) (…)
Todos os que se dispõem a trabalhar e têm
desejo de servir são chamados para liderar. Isso faz parte do plano do evangelho. (…)
O
líder precisa ser capaz de ter uma visão do
trabalho. (…)
“Não havendo profecia [visão], o povo perece”, tampouco realiza o
trabalho. (Provérbios 29:18)
Não
têm o desejo de trabalhar e inevitavelmente
acabam atrapalhando em vez de ajudar. De modo semelhante, o líder sem
visão limita drasticamente a sua eficácia.
(…)
Já
que a visão é tão importante, como é que a
adquirimos? Aqueles que possuem visão têm muitas coisas em comum:
• Eles vêem o
trabalho por inteiro.
•
Eles visualizam o que precisa acontecer para
alcançar os resultados desejados.
•
Eles pensam em todos os seus recursos,
potenciais e capacidade como um todo.
•
Eles vêem dentro de sua mente que coisas
maravilhosas e magníficas poderiam acontecer se toda a força de
trabalho fosse mobilizada em
conjunto.
•
Eles se põem a trabalhar para atingirem seu
objetivo.
•
Eles têm a capacidade de transmitir sua visão
aos que estão a seu redor de modo convincente, de modo que os
outros também adotem essa
visão.
•
Eles vêem o que estão fazendo como uma
causa, e não um projeto.
•
Os líderes religiosos sentem a “mão divina”
auxiliando seu trabalho. (…)
Imaginem comigo a magnitude da causa na
qual estamos engajados. Recebemos as chaves, o sacerdócio e o programa
da maior causa em toda
a eternidade. Somente nós, de todos os filhos de Deus, possuímos as
chaves do conhecimento da
salvação e exaltação. (…)
A
causa é maior do que os homens ou os
profetas. É a causa do Salvador. É a causa de Deus, o Pai Eterno.
Quando adotamos Sua causa
e perseveramos fielmente, tornamo-nos portadores de tudo que
ensinamos e compartilhamos. Um
versículo que cito muito
freqüentemente, às vezes sem pensar muito, é:
“Esta é minha obra e minha glória: Levar a efeito a imortalidade e vida
eterna do homem”. (Moisés
1:39) Imaginem uma causa que tenha implicações e conseqüências
eternas, uma causa tão grandiosa que toda
a eternidade depende de nossa aceitação ou
rejeição dela. Não compreendemos bem que
magnífico privilégio é abraçar plenamente
essa causa. (…)
Um
quórum ou classe pode ter uma causa: o
trabalho missionário, atividades de bem-estar, ativação de todos os
membros do quórum, a
preparação para o templo, os laços de irmandade (união) e dezenas de
outros. Quando estamos
envolvidos de modo unido, alcançamos resultados com os quais mal
ousamos sonhar.
As
coisas que mais amo têm a capacidade de
tornarem-se causas verdadeiramente
grandiosas.
A
família, a religião, o país, os direitos, liberdade, arbítrio e trabalho—a
maioria de nós considera
essas coisas muito preciosas. (…)
A
causa a que nos entregamos precisa ser real e
de grande valor; não pode ser inventada. O Senhor nos oferece
muitas causas individuais,
como o batismo na única Igreja verdadeira, os selamentos no templo, o
relacionamento familiar
eterno, o trabalho missionário, o cuidado dos necessitados e nosso
próprio senso de destino
com o potencial de exaltação. (…)
(…)O líder precisa ser
um exemplo. (…) O exemplo está em tudo
que fazemos. Nisso o
líder é constante. Ele não pode ter um nível de caráter no campo de
batalha e outro quando está
sozinho. (…)
Esta é a obra do Senhor. Ela precisa seguir adiante. O Senhor
concede talentos a homens e
mulheres, e esses talentos e capacidade de liderança devem ser
colocados em prática onde
possam proporcionar os maiores resultados.
(…)
Os
líderes sempre concluem seu trabalho. Eles
elevam as pessoas a seu redor. (…)
Devemos orar por líderes espirituais que
elevem e motivem as pessoas, que aumentem o nível de atividade e
desempenho. (…)
Descobriremos que aqueles que deixam a mais profunda impressão em
nossa vida são os que
usam seu papel de liderança para servir. Aqueles que são egoístas,
arrogantes ou orgulhosos não
gostam de servir mas são rápidos em tomar o poder. Adoram o
controle, o domínio e a
obediência compulsória. (…)
A
liderança de serviço é baseada num profundo
respeito pelos filhos dos homens. Exige um caráter de liderança
que não despreza, avilta ou
faz com que os liderados se sintam inferiores. A liderança de serviço eleva,
abençoa e transforma vidas de maneira
positiva. (…)
Os
líderes-servos exercem as seguintes
características e práticas no desempenho de seu papel. Eles:
• Compreendem o
valor de cada alma humana.
•
Têm um senso inato ou desenvolvido de
preocupação pelas pessoas.
•
São rápidos em apresentar-se como voluntários
para aliviar a pressão sobre outras pessoas.
•
Correm ao auxílio de alguém que está
passando por uma situação embaraçosa ou humilhante.
• Tratam todas
as pessoas em base de igualdade.
•
Não consideram as tarefas que esperam que os
outros façam rebaixantes para si mesmos.
•
Não se ofendem com as perturbações causadas
por pessoas que estão sofrendo traumas ou estresse emocionais.
•
Esperam mais de si mesmos do que de
qualquer outra pessoa.
•
São rápidos em cumprimentar, dar crédito e
edificar aqueles que realizam uma tarefa designada.
•
Julgam as pessoas por seu potencial, e não
necessariamente por uma única experiência negativa.
•
Não tomam para si o crédito das realizações de
outra pessoa e gostam de dividir o crédito de suas próprias realizações.
•
Procuram conhecer os fatos antes de apontar
defeitos ou criticar outras pessoas.
•
Ajudam todas as pessoas a sentirem que fazem
uma parte real no sucesso de um projeto.
•
Detestam brincadeiras ou declarações que
humilhem ou chamem a atenção para uma alma.
•
Sempre criticam construtivamente em
particular e cumprimentam em público.
• São
absolutamente honestas em seu trabalho.
• São
igualmente justos com todos os que estão
sob sua direção.
•
Estão sempre dispostos a ouvir os dois lados de
uma questão, discussão ou disputa. Sabem que sempre existe o outro lado da moeda. (…)
•
São acessíveis a todos, não apenas aos que
ocupam um cargo importante ou detenham o poder.
Os
verdadeiros líderes-servos não precisam de
uma lista de verificação para suas qualidades de caráter, porque as vivem todos os dias. (…)
Os
líderes servos também compreendem que cada
pessoa é única e especial. Há vários anos,
lembro-me de ter ouvido a lenda grega de
Procrustes. A lenda é chamada de a “Cama de Procrustes”. Ela tinha 1,80 m de
comprimento. Aqueles que não tinham
essa estatura eram esticados para se
adequarem ao tamanho da cama. Aqueles que
tinham mais de 1,80 m sofriam a amputação
dos centímetros excedentes.
Todos precisavam se adequar à cama de Procrustes. Felizmente não é essa a maneira
do Senhor ou de Seu reino. Ele sempre
chamou homens e mulheres incomuns que
tinham grande integridade, ambição,
disciplina e fé em Cristo.
Nem todos se encaixam ao mesmo tamanho de cama, e nem ao mesmo chamado.
Nem
todos estarão, nem deveríam estar,
ocupando o cargo mais elevado da ala, estaca ou da Igreja em geral, mas
todos podem fazer suas
contribuições máximas como líder servo num chamado ou situação
particular. E isso é tudo que
o Salvador espera de nós: o melhor de nós, sejamos quem formos.
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